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Principais Pragas e Doenças da Soja

Postado em 10 de fevereiro 2023


Indiscutivelmente a soja é uma das culturas mais relevantes para o agronegócio brasileiro. E não é de hoje, embora nas últimas décadas essa importância tenha crescido ainda mais. Apesar da ...

Indiscutivelmente a soja é uma das culturas mais relevantes para o agronegócio brasileiro. E não é de hoje, embora nas últimas décadas essa importância tenha crescido ainda mais. Apesar da pujança expressada em valores de produção, econômicos e de exportação, o cultivo tem seus desafios, principalmente os relacionados as doenças na soja e as pragas na soja.

Desde a década de 1970, a soja é a principal cultura da agricultura nacional. Tradicionalmente cultivada no Sul do Brasil, devido as novas tecnologias e o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas as condições climáticas do restante do País, houve o aumento da área de produção nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte.

Na safra 2020/2021 foram cultivados 38 milhões de hectares da oleaginosa, o que faz da soja uma das principais culturas em extensão territorial e valor de produção. Da safra 2010/2011 para a safra 2019/2020, a área de produção aumentou em 34,56%. Não é à toa que há cerca de quatro anos o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking internacional de produção de soja. Em 2021, o total exportado, incluíndo soja em grão, farelo e óleo, representou U$S 48 bilhões. Para 2029, a projeção é de aumento de 32% da produção, 22% do consumo e 41% das exportações.

Com tanto em jogo, conter as doenças e pragas que afetam a soja é um desafio à altura da importância que a oleaginosa tem para o agronegócio brasileiro.

 

Pragas e Doenças na Soja: um desafio para o crescimento da produção

As pragas e doenças são um dos principais fatores que limitam a potencialidade máxima da produtividade da soja. Existem mais de 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus, e mais umas dezenas de espécies pragas identificadas no Brasil que causam grandes danos econômico a cultura. Conforme aumenta a expansão da soja para novas áreas, o número de pragas e doenças também cresce devido a monocultura e a introdução de novas doenças.

O impacto econômico de cada doença ou praga, varia conforme o ano e a região afetada, considerando as condições climáticas de cada safra. Exemplo disso, é a ferrugem asiática que surgiu no Brasil, em 2001, a ferrugem asiática tem sido o principal problema fitossanitário da soja. Entre 2001 e 2008, a estimativa é de que a ferrugem tenha causado perdas de 15 milhões de toneladas de soja.

Diante desse cenário, o técnico e o produtor devem estar sempre atentos e se atualizando sobre práticas de manejo, cultivares resistentes e controle químico. O fundamental é utilizar as técnicas mais eficientes de controle de doenças, de forma a realizar o cultivo sustentável da soja.

 

Perdas de produção causadas por pragas e doenças da soja no Brasil

A pesquisa, divulgada em 2019, mostra que o não tratamento de pragas e doenças podem causar perdas significativas à safra de soja no Brasil. No caso da soja, segundo a entidade, a perda da produção agrícola pode alcançar elevados índices se o produtor rural não fizer o correto controle da ferrugem e da helicoverpa.

De acordo com o estudo, de modo geral, as pragas e doenças causam como perdas principais a redução do volume de produção, prejuízos à qualidade dos produtos e, dependendo do caso, podem até levar à morte as plantas e dizimar cultivos inteiros.

 

Principais pragas da soja

Para que o controle ocorra de modo adequado e possa ser realizado no período correto, é essencial a identificação e o conhecimento sobre as pragas para realizar manejos e posicionar produtos para o controle, mas também conhecer as condições ambientais favoráveis, os sintomas, as perdas potenciais e as fases de desenvolvimento em que a cultura é mais suscetível as pragas.

Confira as 5 principais pragas que afetam a cultura da soja no Brasil!

 

Anticarsia gemmatalis, conhecida como lagarta-da-soja

Com um ciclo biológico de aproximadamente 30 dias, a lagarta-da-soja realiza o seu ataque à soja na parte superior da planta, com hábitos noturnos, grande ação de desfolha, se alimentando das folhas, flores e até mesmo das vagens.

A lagarta-da-soja, assim como outras espécies de lagartas que atacam a oleaginosa, surgem a partir de ovos depositados por mariposas. O momento em que isso ocorre varia de acordo com o clima, a fase de desenvolvimento da planta e as características do ciclo de vida da própria mariposa.

Felizmente existem diversos defensivos que podem ser utilizados contra a lagarta-da-soja, incluindo alternativas naturais como o Baculovírus.

Assim, a melhor forma de evitar os danos causados pela lagarta-da-soja é investir no monitoramento e controle das lagartas. E os danos não são poucos. Eles podem representar até 75% de perdas por desfolha e uma redução da produtividade de até 1.214 kg/ha quando não há controle.

 

Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta-do-cartucho

A lagarta-do-cartucho é uma das pragas agrícolas que ataca a lavoura nos estádios iniciais da soja, afetando principalmente o cartucho. Sua incidência aumenta quando há uma cultura anteriormente contaminada, como milho, aveia ou trigo, utilizada na cobertura para o plantio seguinte.

A melhor maneira de controlar a lagarta-do-cartucho é realizar uma boa dessecação da cultura de cobertura para quem deseja utilizar o Sistema Plantio Direto para o cultivo de soja.

Também conhecida como lagarta militar, ela é uma grande ameaça aos produtores de soja do Brasil. Isso porque se reproduz rapidamente nas lavouras e pode causar perdas na cultura acima de 70% da plantação.

 

Elasmopalpus lignosellus, conhecida como lagarta-elasmo ou broca-do-colo

É uma praga muito comum em lavouras que sofrem com pouca irrigação no solo e temperaturas elevadas. A larva penetra na haste da planta, logo abaixo da superfície do solo. Por isso, são mais comuns em locais com solo arenoso, como o Cerrado, e menos em culturas que utilizam o Sistema Plantio Direto, por conta da preservação da umidade.

O controle da lagarta-elasmo com componentes químicos costuma não ser muito efetivo, devido à posição que a praga se aloja nas plantas, apresentando melhores resultados quando o investimento ocorre no sistema de irrigação ou na sorte de chuvas distribuídas nos estádios iniciais do plantio.

Por isso, a alta umidade do solo é o principal fator abiótico a ser utilizado no manejo da lagarta-elasmo. A umidade atua em qualquer estádio do ciclo biológico da praga, porém sua importância é maior no início da fase larval, causando alta mortalidade. Depois, conforme a lagarta se desenvolve, a mortalidade decresce. A umidade elevada do solo também afeta o comportamento dos adultos na seleção do local para oviposição e na eclosão das lagartas – as mariposas preferem depositar os ovos em solos mais secos.

O tratamento de semente com carbamatos, fipronil ou clorantraniliprole, em dosagens adequadas, pode minimizar o problema. Todavia, o risco de fitotoxicidade é alto. A pulverização de inseticida como clorpirifós, de preferência à noite, pode controlar a praga com até 60% de eficiência. Ainda assim, o ideal mesmo é semear a soja a partir do momento em que ocorrer a regularização das chuvas na região, pois o mais efetivo controle da praga é feito pela boa umidade do solo

A lagarta-elasmo é capaz de levar as plantas à morte, pois causa enormes prejuízos que podem chegar a necessidade de replantio, redução da densidade populacional e danos à produção. Inicialmente, as plantas atacadas murcham, podendo depois morrer levando a falhas de estande ou sofrer agravamento de danos posteriormente, sob a ação de chuvas, vento ou implementos agrícolas, que tombam as plantas. Frequentemente é uma praga que causa falhas de estande e, ocasionalmente, obriga a uma nova semeadura nas falhas da lavoura ou na área total.

 

Chrysodeixis includens, conhecida como lagarta-falsa-medideira

Reconhecida pela sua forma de se locomover “medindo palmo”, a lagarta-falsa-medideira causa a desfolha da cultura da soja, deixando apenas as nervuras. É o aspecto característico dela, sendo mais comum nos períodos de estiagem. Como a lagarta-falsa-medideira é relativamente comum na cultura da soja, existem diversos defensivos efetivos para o controle da praga.

Existem duas espécies mais conhecidas popularmente chamadas de falsa-medideira: a Chrysodeixis includens e a Rachiplusia nu. A primeira é a espécie existente em todo o Brasil e consome quase toda a folha, deixando apenas as nervuras intactas. É considerada de difícil controle por normalmente estar situada na região inferior das plantas, além de possuir maior tolerância a alguns inseticidas.

Para garantir o manejo eficiente da lagarta-falsa-medideira, é importante o agricultor adotar boas práticas agrícolas, realizar programas de manejo integrado de pragas e manejo da resistência de insetos, assim como monitorar constantemente a lavoura em busca de focos de lagarta ou de ovos no dossel foliar. O uso de áreas de refúgio, inseticidas com diferentes modos de ação, além de inseticidas biológicos e seletivos são igualmente importantes.

Dessa forma, o monitoramento é de extrema importância para o controle da praga. As primeiras percepções da lagarta-falsa-medideira na lavoura são a desfolha da soja em forma de rendilhados e a construção de uma teia de seda onde ela se prende durante a fase de pupa.

Durante muito tempo, a lagarta foi controlada por inseticidas químicos, porém, o seu uso contínuo, muitas vezes não seletivos, submeteram a espécie a altas pressões de seleção, reduzindo a eficácia no controle da praga. Atualmente, podemos destacar como estratégias de manejo para controlar a falsa-medideira:

  • A rotação de culturas com plantas não hospedeiras da praga, favorecendo assim a quebra do ciclo e reduzindo os níveis populacionais;
  • O uso de cultivares BT. Nesse caso, é importante fazer o plantio de áreas de refúgio (área destinada a cultivares que não expressam proteínas da bactéria Bacillus thuringiensis). A área deve possuir 20% do total plantado com cultivar BT. O refúgio ajuda a minimizar a evolução da resistência de insetos às plantas.
  • O uso de inseticidas é importante em áreas onde não são utilizadas plantas BT. Em áreas de refúgio, deve-se aplicar o mínimo possível de inseticidas para não extinguir totalmente a população da praga que é importante para a manutenção da tecnologia BT.

Desde a década de 2000, a lagarta-falsa-medideira é considerada uma praga de grande importância econômica. Por isso, sugere-se que seja controlada quando houver dano econômico de 30% na fase vegetativa e 15% na fase reprodutiva da soja, o equivalente a 20 lagartas/metro em ambas as fases.

 

Bemisia sp, conhecida como mosca-branca

A mosca-branca é um inseto sugador que pode transmitir vírus de diferentes cultivos, inclusive a soja, além de se alimentar da planta continuamente. É um inseto pequeno, capaz de depositar de 100 a 300 ovos durante seu ciclo. Ao eclodir, as ninfas vão até o local mais adequado na planta e começam a succionar a seiva, se desenvolvendo até atingirem o estágio adulto.

Ao sugar a seiva elaborada, ninfas e adultos retiram os nutrientes e injetam toxinas na planta. Diante disso ocorrem injúrias, como murcha, distúrbios no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, queda de produção e, dependendo do nível de infestação, até a morte da planta.

No caso da soja, a mosca-branca excreta na parte adaxial das folhas uma substância que favorece a formação de fumagina. E a fumagina, por sua vez, impacta diretamente na redução da produtividade da soja. Caracterizada por uma camada escura, ela reduz as taxas de captação fotossintética da planta.

Outro grave problema causado pela mosca-branca ocorre por meio da transmissão de viroses. Cerca de 120 espécies de vírus podem ser transmitidas pela mosca branca, o que significa um grave problema fitossanitário em várias culturas agrícolas. Na soja, um dos sintomas típicos de infecção por vírus é a necrose-das-vagens, embora a virose mais frequente seja a necrose-da-haste, que dependendo da evolução dos sintomas, pode ocasionar a morte da planta.

Diante de tamanho risco, o controle da mosca-branca deve ser realizado com adoção de inseticidas ou manejo integrado de pragas, eliminando as plantas infestadas no momento da semeadura. Dependendo do seu nível populacional, as perdas de produção podem variar de 20% a 100%, além de comprometer a qualidade dos grãos.

Por tudo isso, a mosca-branca é uma praga que tem causado enormes perdas em diversas culturas de relevância econômica, como a soja. O monitoramento deve ser feito desde a emergência até a colheita, já que o problema pode ocorrer durante todo o ciclo da cultura. Além dos danos diretos, a mosca-branca ainda é vetor de vários vírus fitopatogênicos e precursor da fumagina.

Com todo esse quadro, é muito importante o agricultor ter a capacidade de identificar e combater a praga.

Além dos 5 exemplos citados até aqui, a cultura de soja pode sofrer com outras inúmeras pragas agrícolas, como o percevejo-castanho, percevejo-verde-pequeno, percevejo-verde, tamanduá-da-soja, corós e ácaros, com variações de acordo com o local da lavoura, clima predominante e tipo de solo.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre as principais pragas agrícolas que são encontradas na cultura de soja, confira algumas tecnologias de aplicação que irão deixar as aplicações mais eficientes e assertivas. São adjuvantes como antideriva, espalhante, penetrante e condicionadores de calda que possibilitam um melhor desempenho dos produtos aplicados.

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Principais doenças da soja

Existem 46 patógenos causadores de doenças na cultura da soja conhecidos no Brasil, sendo que, destes, 33 são originados por fungos.

No Brasil algumas das principais doenças que causam danos na cultura e prejuizos ao produtor são:

Podridão de carvão, Podridão radicular, Mancha alvo, Antracnose, Oídio, Ferrugem-asiática Crestamento foliar, Mancha parda e outras não citadas aqui.

 

Como identificar doenças da soja na lavoura?

Com o aumento da área semeada no Brasil, a ampla janela de semeadura, a expansão da cultura para diferentes regiões e a entrada de novos patógenos, a resposta para essa pergunta tem exigido um nível cada vez maior de conhecimento técnico e acompanhamento da lavoura, além do desenvolvimento tecnológico e de novos métodos de manejo.

Um adequado programa de controle de doenças na soja começa com a correta identificação do problema na área plantada, afinal, cada doença tem característica específica. A detecção precoce também é decisiva para a adoção de medidas eficientes de manejo.

Dito assim, a coisa parece mais simples do que a realidade. Isso porque, como explica o pesquisador da Embrapa Soja, Ademir Assis Henning, devido à grande quantidade de doenças existentes no País, e os ataques que cada uma delas faz à planta, é difícil observar a olho nu a sua incidência na lavoura.

Por isso, o produtor precisa estar atento e, neste aspecto, é vital ir a campo periodicamente para fazer o monitoramento. Se, ao visitar a lavoura forem constatadas características diferentes às de uma planta saudável, como folhas manchadas, murchas ou caídas, vagens pintadas com pontos negros, hastes com manchas ou necrosadas e partes do talhão com problema de desenvolvimento, é preciso ficar alerta. 

Com a luz vermelha acesa, deve-se então identificar a doença e tomar as medidas necessárias de manejo e controle, visando diminuir as consequências da doença. Para bem cumprir tal tarefa, é preciso ter conhecimento das diferentes características das doenças que atacam a soja, principalmente aquelas com histórico de incidência na área. Consultar um engenheiro agrônomo especializado no problema também é sempre prudente. 

 

Podridão de carvão ou podridão da raiz

A podridão de carvão é causada pelo fungo necrotrófico Macrophomina phaseolina, um polífago, tendo como hospedeiras mais de 500 espécies de plantas, entre elas a soja, sorgo, amendoim, feijão, milho, algodão, dentre outras.

É uma doença que acontece principalmente em anos com altas temperaturas (entre 30ºC e 35ºC, por exemplo) e baixa umidade no solo (inferior a 60%), podendo afetar desde os estádios de plântula até a fase adulta.

A podridão de carvão ou podridão de raiz sobrevive em forma de microescleródios no solo, permanecendo de uma cultura hospedeira para outra e, inclusive, de um ano agrícola para outro. As perdas podem ultrapassar os 50% e chegar até 100% dependendo dos estresses hídricos associados a altas temperaturas.

 

Podridão radicular de Phytophthora (Phytophthora sojae)

É uma doença que pode acontecer em todas as fases de desenvolvimento da cultura. Em relação a podridão do carvão, a diferença se dá não só pelos sintomas, como também pelas condições ambientais favoráveis. Além disso, o fungo é biotrófico.

São favoráveis ao surgimento do fungo as temperaturas em torno de 25ºC e elevada umidade no solo durante a semeadura e/ou emergência. O fungo produz estruturas de resistência que permanecem viáveis no solo associados a restos de outras culturas por muitos anos – o que se denomina de oósporos.

As perdas podem ser elevadíssimas. Para este patógeno, em safras chuvosas e quentes, e em locais com histórico da doença e solos compactados, as perdas podem alcançar 100%.

 

Mancha alvo

Com o nome científico de Corynespora cassicola, a mancha alvo é um fungo polífago e necrotrófico, capaz de infectar mais de 408 espécies de plantas, incluindo algodão, tomate, tabaco, pepino e, claro, a soja. Devido as condições climáticas, seu risco de ocorrência é maior na região do Cerrado.

Estas condições climáticas favoráveis são essenciais para o surgimento e o grau de severidade da doença, sendo necessário molhamento foliar de 48h e temperaturas entre 18ºC e 32ºC. Depois, a mancha alvo pode permanecer de forma latente (ou seja, sem apresentar sintomas) durante 5 a 7 dias, em temperaturas de 20ºC a 30ºC e UR acima de 80%.

Houve um tempo em que a mancha alvo foi considerada um problema de baixo impacto. Porém, com as entradas de novas cultivares, mais suscetíveis, ela passou a ter maior relevância. As perdas potenciais, dependendo da suscetibilidade da cultivar, podem chegar a 40%.

 

Antracnose

Assim como a mancha alvo, a antracnose tem maior ocorrência na região do Cerrado. As condições climáticas do Cerrado favorecem a doença, com altas temperaturas combinadas com chuva frequente.

É uma doença causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, considerado hemibiotrófico (início da infecção atua como biotrófico e posteriormente como necrotrófico), que reduz a produtividade da cultura, o estande de planta, o número de plantas com cotilédones e até a qualidade das sementes produzidas.

A doença pode permanecer na área de cultivo, nos restos culturais, de uma safra para a outra. Em alguns casos, as perdas podem alcançar até 100% da produtividade.

 

Oídio

Batizado de Microsphaera diffusa, o oídio é um fungo biotrófico, ou seja, necessita de um hospedeiro vivo para sobreviver e se reproduzir na área de cultivo ou nas proximidades.

Seu surgimento é favorecido em temperaturas amenas entre 18ºC e 24ºC e baixa umidade relativa do ar (ar seco). Dessa forma, anos com ausência de chuvas ou chuvas esparsas demandam atenção devido ao alto risco de ocorrência da doença.

Por outro lado, temperaturas acima dos 30ºC e molhamento foliar intenso, inibem o desenvolvimento do fungo, sendo mais comum que a doença ocorra nos estádios vegetativos.

Pesquisa apontam percentuais de perdas entre 20% e 50%, dependendo do estádio de desenvolvimento em que ocorreu e das condições climáticas.

 

Ferrugem-asiática

Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a ferrugem-asiática é um fungo biotrófico, considerada a principal doença na cultura da soja no Brasil, independentemente da região produtora. A razão para a alta incidência deve-se ao fato dos uredósporos serem carregados pelo vento e poderem percorrer 96 km por semana.

A doença se relaciona com as chuvas e, de forma menos significativa, com a temperatura, porque inicia no terço inferior da cultura e fica protegida da radiação solar, em ambiente mais úmido favorável ao fungo. Para o surgimento da doença são necessárias de 10 a 12 horas de molhamento foliar (o orvalho já é suficiente, por isso a importância do ajuste da densidade da cultura), e temperaturas entre 18ºC e 26ºC.

Os impactos na produtividade são relacionados ao período em que a doença começou. Assim, quanto antes ocorrer, mais cedo será a desfolha da cultura, impactando no tamanho dos grãos e na sua qualidade.

No Brasil, as perdas potenciais foram estudadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA – ESALQ/USP) na safra 2016/2017. Os pesquisadores concluíram que o descontrole da doença impacta não apenas na oferta do produto, mas no próprio preço, com aumento de 23%. No volume exportado, o impacto pode chegar a 30%.

Na lavoura, as perdas variam de acordo com as condições climáticas, o controle utilizado (combinação e rotação adequada de fungicidas de modos de ação diferentes), e o período de entrada na lavoura para a aplicação, podendo chegar a 90%.

 

Mancha púrpura ou Crestamento foliar de Cercospora

A mancha púrpura (Cercospora kikuchii) é um fungo necrotrófico e, embora seja considerada uma DFC, não acontece apenas no final do ciclo da cultura da soja. Pelo contrário, o início da doença ocorre ainda no período vegetativo. Todavia, nesta fase inicial, a doença não é capaz de causar danos tão expressivos, pois a cultura consegue compensar no estádio reprodutivo.

O problema está mesmo é na ausência ou controle inadequado. Se isto acontece, a doença progrida e se espalha no período reprodutivo, afetando de forma grave a qualidade e a produtividade da cultura.

Temperaturas entre 23ºC e 27ºC, acompanhadas de umidade relativa do ar alta, são favoráveis a ocorrência da doença. Sua importância é maior em regiões e anos quentes e com volume alto de chuvas.

 

Mancha parda

Assim como a mancha púrpura, a mancha parda é um fungo necrotrófico com papel importante no final do ciclo. Por isso ela é considerada uma DFC. Todavia, a infecção da cultura ocorre ainda no estádio vegetativo, isto porque ambos são patógenos que sobrevivem em restos culturais e, assim, estão presentes em todas as regiões de cultivo. Temperaturas entre 15ºC e 30ºC, acompanhadas de molhamento foliar de 6h, são propícios ao surgimento da doença.

 

Ainda vamos crescer muito!

Principal cultura da agricultura nacional nos últimos 40 anos, tudo o que envolve a soja no Brasil é grandioso: os 38 milhões de hectares cultivados na safra 2020/2021 e os U$S 47,989 bilhões exportados em 2021 colocam o País no primeiro lugar no ranking internacional de produção de soja.

Os números elevados, todavia, não representam o limite da capacidade produtiva da oleaginosa no Brasil. Pelo contrário. As perspectivas são de crescimento de produtos derivados de soja e aumento da demanda de produção. Porém, para alcançar a projeção de aumento de 32% da produção, 22% do consumo e 41% das exportações em 2029, há um longo trabalho pela frente.

Trabalho este que, necessariamente, passa pela constante contenção das pragas e doenças que afetam a soja. Este é, sem dúvida, o maior desafio, principalmente ao considerarmos às diferentes características e pragas de cada região do Brasil. Um desafio que os produtores brasileiros têm totais condições de alcançar com os devidos cuidados, garantindo assim a continuidade do crescimento desse importante produto da economia nacional.

 

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