Postado em 14 de novembro 2024
Tal como a crise climática que é há décadas alardeada, mas que para muitos parecia uma coisa projetada para um futuro distante, não é de hoje que a agricultura sustentável vem sendo defendida como o melhor caminho para a produção no campo. Talvez mais do que o melhor caminho; o único que pode garantir a nossa sobrevivência no futuro.
Para que isso se torne cada vez mais realidade, há uma série de soluções integradas ao alcance do produtor rural, de modo a ser um exemplo de sustentabilidade por meio da tecnologia, do uso responsável dos recursos hídricos, das florestas, dos cultivos orgânicos.
Quer saber mais? Então vamos em frente!
Antes de dizermos o que é agricultura sustentável, é importante o leitor conhecer o conceito de sustentabilidade. A sustentabilidade é a busca permanente pelo equilíbrio entre a disponibilidade dos recursos naturais e o uso que fazemos destes recursos. É o respeito aos limites ambientais do planeta para não destruirmos nossos recursos hoje e no futuro, o que prejudica toda a humanidade.
A agricultura sustentável pode então ser definida como o uso de métodos de cultivo ecologicamente corretos que garantem a produção agrícola, ao mesmo tempo em que não causam danos ao meio ambiente. Isso inclui a prevenção de efeitos adversos no solo, na água e na biodiversidade.
A agricultura sustentável pode também ser entendida como um conjunto de práticas e ações que criam benefícios para as pessoas, sem interferir no meio ambiente, prezando pelo cultivo que não agride a natureza, sem perder a viabilidade econômica do negócio.
Afinal, é preciso garantir que os recursos naturais sigam existindo no futuro e possam continuar sendo usados de forma saudável pela humanidade.
A importância da agricultura sustentável representa a nossa própria sobrevivência no planeta e das futuras gerações. Para que a produção de alimentos possa seguir existindo, é fundamental que as condições ambientais necessárias para o trabalho agrícola sigam não só existindo, mas aptas a atenderem à demanda de produção.
O acesso a água de qualidade, ao solo nutritivo, as condições climáticas necessárias, assim como toda a complexidade do ecossistema que mantém em harmonia a fauna, a flora e os recursos naturais, toda a riqueza do meio ambiente é vital ser preservada para que a vida, tal qual a conhecemos, siga existindo.
A garantia da produção agrícola atual e futura depende diretamente da eficiência do uso dos recursos naturais e da redução do impacto ambiental. Caso contrário, não teremos no dia de amanhã as condições necessárias para produzir as culturas tal como fazemos hoje.
Ter uma agricultura sustentável pode ser mais simples do que muitos pensam, além de igualmente possibilitar a redução de custos e nem por isso afetar a produtividade. Para isso, basta adotar práticas agrícolas que contribuam para a sustentabilidade.
Alguns exemplos são:
– Rotação de culturas que contribuem para o manejo de pragas e ajuda a melhorar a saúde do solo. A rotação de culturas, preferencialmente com sistemas de raízes diferentes entre si, como gramíneas e leguminosas, em que cada espécie desenvolve um efeito residual positivo para o solo e para o meio ambiente. Assim, a cultura anterior proporcionará benefícios diretos e indiretos no cultivo seguinte. A grande contribuição da rotação de culturas é a melhoria de atributos físicos, químicos e biológicos do solo, acarretando em diversos benefícios como mais tempo de uso da terra, controle de pragas, doenças e plantas daninhas, além do aumento da produção e rentabilidade dos cultivos.
– Plantio direto, associado a cultivos que deixem cobertura no solo, para evitar erosão. O sistema de plantio direto (SPD) é uma tecnologia conservacionista que teve grande desenvolvimento a partir da década de 1990 no Brasil. É uma técnica que preserva o solo, evita a erosão e auxilia na manutenção ou inserção da matéria orgânica do solo. Também leva ao aumento da retenção de água no solo e da população microbiana.
– Integração da produção vegetal e animal. A integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF), cada vez mais utilizada no Brasil, em propriedades de todos os tamanhos, procura harmonizar a agricultura, a criação de gado e a floresta numa mesma área. O objetivo é a preservação e maior produtividade do sistema.
– A ciclagem de nutrientes envolve o modo como os nutrientes se deslocam do ambiente para as plantas e fecham o ciclo voltando ao ambiente. Técnicas que envolvem a ciclagem de nutrientes visam combater a degradação de solos por meios naturais e renováveis de obtenção de nutrientes, como o uso de microrganismos fixadores de nitrogênio, cobertura vegetal no solo e otimização das formas de aplicação de nutrientes.
– Sequestro de carbono. Reduzir os níveis de carbono da atmosfera deve ser um esforço constante da nossa geração e das próximas. Naturalmente, as plantas utilizam gás carbônico na fotossíntese e devolvem oxigênio para a atmosfera. Esse processo contribui para o sequestro de carbono no solo e também passa pelo correto manejo do solo, entre outras práticas, para que a agricultura não emita mais carbono do que consiga sequestrar da atmosfera.
O uso de algas marinhas em plantas está associado ao aumento da tolerância ao efeito de estresses nas plantas, o que contribui para a redução do uso excessivo de fertilizantes, além de otimizar a utilização dos recursos hídricos. Por conta de sua composição, as algas marinhas também otimizam os processos metabólicos das plantas, rica em hormônios vegetais, minerais, vitaminas, aminoácidos e polissacarídeos.
O uso de aminoácidos na agricultura pode ser considerado uma prática sustentável devido aos benefícios para a saúde das plantas, em termos de eficiência no uso de nutrientes e redução de práticas agrícolas convencionais.
Os ácidos húmicos e ácidos fúlvicos são amplamente utilizados como condicionadores de solo. Ou seja, promovem benefícios para a saúde do solo, em termos de aumento de matéria orgânica, aumento da retenção e disponibilidade de nutrientes para as plantas, melhorando assim a estrutura do solo. Importante destacar também a maior aeração e permeabilidade, além do maior desenvolvimento e volume das raízes e indução de resistência a pragas. As substâncias húmicas promovem, principalmente, aumento de produção e melhorias nos atributos do solo e o uso de maneira correta contribui para uma maior produtividade.
O uso de quelatos (fertilizantes quelatizados) é uma prática que contribui para a redução da necessidade de aplicações excessivas de fertilizantes, evitando desperdícios e perdas para o ambiente. Por tornarem os nutrientes altamente disponíveis para as culturas, os agentes quelantes ajudam no desenvolvimento de plantas mais saudáveis e produtivas, com resultados de melhor qualidade também. Isso é ainda mais relevante ao se tratar do uso do Ácido Heptaglucônico (HGA), um agente complexante que tem função similar aos agentes quelantes, mas produzido de fontes naturais (açúcares), o que pode torná-lo uma alternativa mais ecológica.
Os adjuvantes atuam diretamente no aumento da eficácia dos defensivos químicos, contribuindo para a redução do risco de contaminações e seu uso excessivo. A relação entre o uso de adjuvantes e o meio ambiente é cada vez mais nítida, principalmente pelo potencial do produto em reduzir a deriva dos defensivos usados nas plantações – a deriva é um dos principais problemas ambientais na agricultura, com potencial de contaminar o solo, fontes de água, vegetações e plantações vizinhas, além dos prejuízos à saúde humana.
Como podemos ver, existem diversos benefícios ao se adotar práticas sustentáveis no processo de produção agrícola. Acima e tudo, se referem a própria subsistência do trabalho no campo e a vida. Sem dúvida, o principal benefício é o aumento da eficiência no uso de recursos naturais, incluindo o solo, a água e os insumos agrícolas.
Praticando a agricultura sustentável de modo correto, o produtor ainda poderá se beneficiar da redução dos custos operacionais, sem perder a qualidade do plantio e a rentabilidade da colheita.
Sejam quais forem as iniciativas sustentáveis no campo que você escolher, é preciso ter em mente que todo o ambiente, incluindo as pessoas, as plantas e os animais, precisam ser levados em consideração. É imperativo que tenhamos a capacidade de produzir uma agricultura em harmonia com a natureza. Ganha o planeta, ganhamos nós todos.