Postado em 08 de janeiro 2024
A busca por uma agricultura mais sustentável, que consiga conciliar a alta produtividade com a preservação do meio ambiente, tem sido um dos principais desafios de produtores rurais do Brasil e do mundo nos últimos anos. Mais recentemente, a crise climática e a necessidade de reduzir a emissão dos gases de efeito estufa tem trazido ainda mais desafios ao trabalho no campo.
Com esse objetivo em vista, novas tecnologias e técnicas de plantio têm sido desenvolvidas e, entre elas, o crescente uso dos adjuvantes agrícolas. A relação entre o uso de adjuvantes e o meio ambiente é cada vez mais nítida, principalmente pelo potencial do produto em reduzir a deriva dos defensivos usados nas plantações – como se sabe, a deriva é um dos principais problemas ambientais na agricultura, com potencial de contaminação do solo, fontes de água, vegetações e plantações vizinhas, além dos prejuízos à saúde humana.
Com algumas pesquisas em matérias divulgadas na mídia, é possível constatar a frequência com que o uso de defensivos agrícolas tem causado diversos problemas ambientais. Em 2018, a Agência Brasil noticiou que comunidades rurais, indígenas e quilombolas no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Pará e Bahia, foram vítimas de intoxicação causada por pulverização aérea ou terrestre em plantações próximas a casas e escolas.
Em 2021, uma decisão judicial suspendeu o uso de defensivos agrícolas em uma propriedade rural de Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A deriva da pulverização aérea de uma lavoura de arroz, causou prejuízos à produções orgânicas em propriedades vizinhas.
Os casos se repetem ano após ano e reforçam o papel dos adjuvantes agrícolas no meio ambiente. No começo de 2023, novamente na região metropolitana de Porto Alegre, outra decisão da Justiça determinou a suspensão da pulverização aérea de defensivos agrícolas em uma fazenda, por conta da contaminação de cerca de vinte e seis famílias em propriedades vizinhas. Além de prejudicar às pessoas, também trouxe riscos à fauna e flora.
O caso das mortes de abelhas tem sido assunto recorrente. Mais de 1 bilhão de abelhas morreram no Brasil desde o ano 2000. As causas estão relacionadas à expansão das monoculturas e uso de defensivos agrícolas. A situação preocupa porque as abelhas polinizam cerca de 70% de todas as plantas do planeta e também facilitam a produção agrícola, sendo inclusive indispensáveis para alguns cultivos.
Há uma série de fatores que o produtor deve levar em conta para reduzir o risco de deriva e causar o menor impacto ambiental, como o momento adequado, as condições climáticas, a recomendação do produto e as condições operacionais. Os adjuvantes agrícolas também são considerados importantes aliados por melhorar a segurança ambiental e aumentar a eficiência da aplicação.
Entre os adjuvantes agrícolas que podem ser comprados e que apresentam bons preços, os óleos vegetais têm vantagem do ponto de vista ambiental por serem produtos naturais e biodegradáveis, com menor efeito poluente. Há inclusive uma tendência mundial de substituição dos óleos minerais pelos vegetais nas pulverizações devido ao benefício destes adjuvantes no meio ambiente.
Procurando a resposta para essa pergunta, alunos de agronomia conduziram um estudo para avaliar o uso de adjuvantes na cultura da soja. O experimento que baseou o estudo foi realizado no município de Cristalina/GO, em um pivô central de 53 hectares, com a cultura da soja estabelecida com 30 dias após o plantio.
O trabalho visou analisar o uso de adjuvantes na calda de aplicação, para melhorar o controle de pragas, doenças e plantas daninhas. Além das vantagens conhecidas do uso de adjuvantes agrícolas, como a melhor absorção do produto pela planta, o aumento do espalhamento da solução na superfície da cutícula da folha e a diminuição da espuma no tanque de pulverização, o estudo concluiu haver grande diferença no impacto ambiental entre usar ou não usar adjuvantes agrícolas.
Isso porque o produto reduziu a deriva, um dos principais fatores de risco à preservação da biodiversidade, contribuindo também para a diminuição de resíduos que chegam a mesa do consumidor final.
Ao comparar os resultados da aplicação de defensivos com e sem adjuvantes agrícolas, a pesquisa conclui ser de "extrema importância o uso de adjuvantes nas caldas de aplicação”, melhorando o efeito antideriva e, consequentemente, comprovando o benefício dos adjuvantes ao meio ambiente.