Postado em 30 de maio 2022
A agricultura muda e acompanha a evolução tecnológica do mundo, tendo se transformado drasticamente desde o fim da Segunda Guerra, principalmente pelo boom populacional e pela necessidade crescente de produtividade.
Nesse contexto de mudança e pelas visíveis mudanças climáticas pelas quais estamos passando, surge o consumidor preocupado com a sustentabilidade. Para se ter uma ideia, 87% da população brasileira prefere comprar produtos e serviços de empresas sustentáveis e 70% dos entrevistados disse que não se importa em pagar um pouco mais por isso (dados da empresa Union + Webster).
Ou seja, cuidar do meio ambiente sem perder a produtividade não só é uma boa ideia como também é essencial para acompanhar os novos hábitos de consumo sustentável.
É por esse motivo que grandes empresas hoje seguem diretrizes de práticas sustentáveis que abrangem toda a cadeia de consumo, desde a produção até os meios logísticos. E isso se traduz em boa reputação entre clientes, funcionários e fornecedores, por exemplo.
Nos empreendimentos agrícolas, exemplos de práticas sustentáveis não faltam: preservação de áreas verde sem propriedades rurais, uso racional de recursos hídricos, ações de valorização da comunidade, entre outros.
Reduzir o impacto ambiental das lavouras e tornar a agricultura sustentável é possível. Bons exemplos dessa possibilidade estão nas inovações da agricultura intensiva e na popularização da agricultura orgânica, que só no Brasil aumentou seu número de consumidores em 106% entre 2017 e 2021 (fonte).
Como dissemos, existem bons exemplos de agricultura sustentável no Brasil, com tecnologias e técnicas de manejo que revolucionam as práticas no campo. Conheça a seguir algumas práticas que incentivam a sustentabilidade na agricultura:
O sistema de plantio direto (SPD) é uma tecnologia conservacionista que teve grande desenvolvimento a partir da década de 1990 no Brasil. No país, o plantio direto ocupa cerca de 9 milhões de hectares (fonte) em lavouras de milho, soja, trigo, feijão e arroz. Essa tecnologia brasileira de plantio direto preserva o solo, evitando a erosão e auxiliando na manutenção ou inserção da matéria orgânica do solo. Leva ao aumento da retenção de água no solo e também da população microbiana.
Assim, como qualquer outro sistema, antes da implementação do SPD é precisorealizar a análise e correção de acidez do solo e, na sequência, a implantação da cultura. No final do cultivo, em vez de remover ou incorporar os resíduos vegetais no solo, a palhada fica sobre o solo formando a camada protetora para a próxima cultura.
No SPD, a semente é plantada num solo que não foi arado ou gradeado (sem revolvimento algum), mantendo os resíduos das culturas anteriores como trigo, aveia, milho e milheto, soja e muitas outras. Com equipamentos de semeadoras específicas para essa técnica, a semente é colocada num sulco em que fica coberta e tem contato direto com o solo.
A rotação de culturas, preferencialmente com sistemas de raízes diferentes entre si, como por exemplo gramíneas e leguminosas em que cada espécie desenvolve um efeito residual positivo para o solo e para o meio ambiente. A cultura anterior proporcionará benefícios diretos e indiretos, apresentados a curto, médio e longo prazo.
A grande contribuição da rotação de culturas para a agricultura sustentável é a melhoria de atributos físicos, químicos e biológicos do solo, acarretando em diversos benefícios como mais tempo de uso da terra, controle de pragas, doenças e plantas daninhas, além do aumento de produção de rentabilidade dos cultivos.
A rotação de culturas é uma técnica tradicional, com registros de uso datados de pelo menos 6.000 a.C. entre diversas civilizações como egípcios, gregos e romanos.
A ciclagem de nutrientes envolve o modo como os nutrientes se deslocam do ambiente para as plantas e fecham o ciclo voltando ao ambiente. Técnicas que envolvem a ciclagem de nutrientes visam combater a degradação de solos por meios naturais e renováveis de obtenção de nutrientes, como o uso de microrganismos fixadores de nitrogênio, cobertura vegetal no solo e otimização das formas de aplicação de nutrientes.
Diminuir os níveis de carbono da atmosfera deve ser um esforço constante da nossa geração e das próximas. E a agricultura pode ajudar nessa tarefa! Isso porque, naturalmente, as plantas utilizam gás carbônico na fotossíntese e devolvem oxigênio para a atmosfera.
Esse processo se chama sequestro de carbono no solo e também passa pelo correto manejo do solo, pelas práticas de agricultura sustentável etc., para que a agricultura não gere mais carbono do que consiga sequestrar da atmosfera.
A integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF), cada vez mais utilizada no Brasil, em propriedades de todos os tamanhos, procura harmonizar a agricultura, a criação de gado e a floresta numa mesma área. O objetivo é a preservação e maior produtividade do sistema.
As fontes renováveis são utilizadas em todo o mundo para a geração de diferentes tipos de energia (elétrica, térmica, mecânica) e para a produção de biocombustíveis. Dessa forma, elas são empregadas nas mais diversas atividades humanas, desde a produção industrial até o setor de transportes.
No Brasil, os principais tipos de energias renováveis estão:
Ainda há muito que crescer neste setor. As mais recentes projeções para as fontes renováveis são de que elas atinjam uma participação de 48% na matriz energética no Brasil. E de 83% na matriz elétrica até 2031, de acordo com o Plano Decenal de Energia divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
A energia solar é uma das mais conhecidas fontes de energia renováveis. E o Brasil vem fazendo grandes investimentos nessa área que têm chegado também às propriedades rurais.
Por meio das placas solares instaladas, é possível obter energia elétrica barata, limpa e renovável. Ou seja: é boa para o bolso e boa para o meio ambiente.
A importância da energia na produção agrícola é inquestionável. Conheça algumas fontes de energia renovável utilizadas no Brasil:
A água, embora seja um recurso renovável, precisa ser usada de forma eficiente. O principal fator de uso da água, na agricultura, é a irrigação e precisa ser pensado estrategicamente para a lavoura, o ambiente e a disponibilidade do recurso. Para saber mais sobre tipos de irrigação mais sustentáveis, leia o artigo Qual tipo de irrigação é mais indicada para cada cultura?
De acordo com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), a maior entidade de controle deste setor, o Brasil é referência mundial na devolução de embalagens plásticas vazias para os fabricantes (logística reversa). O Brasil também é líder em reciclagem de latas (fonte). Isso demonstra como o país se destaca nessa área, mas ainda muito mais pode ser feito.
Para reciclagem de embalagens de fertilizantes, por exemplo, existem empresas especializadas que prestam esses serviços. Algumas dicas são:
A agricultura tem, sim, potencial para ser um exemplo de sustentabilidade por meio da tecnologia, do uso responsável dos recursos hídricos e das florestas, dos cultivos orgânicos etc.
Existem, ainda, diversas outras iniciativas sustentáveis que não vimos neste artigo. Mas, seja quais forem as iniciativas sustentáveis no campo que você escolher, é preciso ter em mente que todo o ambiente – as pessoas, as plantas e os animais –precisam ser levados em consideração.