Postado em 25 de janeiro 2023
A agricultura familiar no Brasil concentra o maior número de unidades produtivas no País e contribui significativamente com a criação de empregos associados às atividades agropecuárias, artesanais e agroindustriais, seja no campo ou na cidade. Dessa forma, a agricultura familiar tem como característica desempenhar um papel importante para a segurança alimentar nacional, colaborando com o consumo interno e as cadeias locais e regionais de produção e distribuição de alimentos e derivados.
Dados do Censo Agropecuário 2017-2018, realizado pelo IBGE, mostram que a agricultura familiar é responsável por 77% dos estabelecimentos agrícolas e emprega 10 milhões de pessoas, o que representa 67% da força de trabalho ocupada em atividades agropecuárias. O modelo de produção abrange 80,9 milhões de hectares, o equivalente a 23% da área total das propriedades agropecuárias no Brasil.
A realidade atual da agricultura familiar e do agronegócio no Brasil é resultado de um longo processo, mas principalmente influenciada pelos acontecimentos políticos, econômicos e sociais a partir da década de 1950 e a chamada “revolução verde”, modelo que preconizava a modernização do trabalho no campo.
Quer conhecer mais sobre o importante modo de produção do País? Então vamos em frente!
A agricultura familiar é definida por três características principais: a gestão da propriedade e os investimentos realizados são feitos por pessoas da própria família; a maior parte da mão de obra é igualmente de membros da família; e a propriedade dos meios de produção também pertence à família, ocorrendo em seu interior a transmissão em caso de falecimento ou de aposentadoria, além de uma parte mínima da renda familiar ser gerada pela propriedade rural.
Desde 2006, a agricultura familiar é reconhecida como profissão no Brasil. A legislação define que a propriedade não pode ser maior do que quatro módulos fiscais. Tais limites foram estabelecidos para permitir o acesso a programas governamentais de incentivo à agricultura familiar, incluindo linhas de crédito, assistência técnica e programa de aquisição de alimentos.
Algumas das principais diferenças entre a agricultura familiar e a agricultura em grande escala começa, justamente, pelo tamanho da propriedade e a quantidade da produção. No caso da primeira, a produção é equilibrada entre os alimentos destinados à subsistência da família e os vendidos ao mercado, enquanto na agricultura em grande escala a maior parte da produção tem finalidade comercial, muitas vezes para o mercado exterior.
A variedade da produção é outro elemento. A agricultura em grande escala costuma se concentrar em poucos produtos, muitas vezes apostando num único. Por sua vez, a agricultura familiar tem a característica de uma diversidade maior de culturas. O manejo do solo é outro aspecto. Até por produzir em menor escala, a agricultara familiar costuma ter práticas mais agroecológicas ou orgânicas, reduzindo o impacto no meio ambiente e melhorando a qualidade dos alimentos. Bom, né?
Há também os agricultores familiares que se dedicam ao extrativismo vegetal, colhendo produtos nativos para comercializar regionalmente e ampliar a sua fonte de renda.
A importância da agricultura familiar brasileira pode ser medida pelas informações do Censo Agropecuário 2017-2018, realizado pelo IBGE. A pesquisa revela que o modelo de produção representa o emprego de cerca de 10 milhões de pessoas, o equivalente a 67% da força de trabalho em atividades agropecuárias. Ela ainda é responsável por 77% dos estabelecimentos agrícolas e por 23% da área total das propriedades agropecuárias no Brasil.
Ao contrário da agricultura em grande escala, focada em poucos produtos ou mesmo em monocultura, a agricultura familiar apresenta uma produção mais diversificada, com grãos, proteínas animal e vegetal, frutas, verduras e legumes.
Além da produção diversificada, a própria finalidade dos alimentos também se difere em relação a agricultura em grande escala. Enquanto a produção em grande escala visa, em grande parte, commodities que têm como destino o mercado exterior, a agricultura familiar assume um papel importante no abastecimento do mercado interno e no controle da inflação dos alimentos no Brasil.
Em que pese ser comum falar que 70% dos alimentos produzidos no País advêm da agricultura familiar, afirmação considerada questionável por especialistas, é possível dizer com segurança, com base nos dados do Censo Agropecuário, que a agricultura familiar produz cerca de 70% do feijão, 34% do arroz, 87% da mandioca, 60% da produção de leite, 59% do rebanho suíno, 50% das aves, 30% dos bovinos e 70,2% de caprinos.
Não é pouca coisa!
Ainda assim, em termos de valor de produção, os dados do Censo Agropecuário mostram que a agricultura não familiar criou receita de R$ 355,9 bilhões de reais (77% do total), enquanto a produção da agricultura familiar criou receita de R$ 106,5 bilhões de reais (23% do total).
O Censo Agropecuário aponta que a agricultura familiar é a base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Em alguns estados, como Rondônia, 81,3% dos 91.438 estabelecimentos recenseados foram classificados como pertencentes à agricultura familiar, acima da média nacional que é de 76,8%.
Como já mencionado, a questão de empregabilidade é um fator relevante da agricultura familiar nas economias locais. O modelo de produção é o emprego de cerca de 10 milhões de pessoas, o que representa 67% da força de trabalho em atividades agropecuárias. Isso não é pouca coisa.
Uma das razões da maior geração de emprego na agricultura familiar é o menor uso de tecnologia e maquinário. Nesse modelo, plantar, cultivar e colher ainda depende muito de braços humanos. Mesmo etapas finais pré-comercialização (como a torra do café, por exemplo) também dependem de trabalho humano.
Toda essa criação de emprego e renda acaba por fortalecer a economia das cidades que vivem da agricultura familiar, pois o recurso obtido movimenta o comércio local e cria, assim, um ciclo virtuoso.
Uma das características mais importantes relacionadas a agricultura familiar é o alto aproveitamento da terra. Normalmente são pequenas áreas com alta produtividade. Entretanto, existem outros pontos que chamam a atenção nesta atividade.
Confira!
Como o próprio nome revela, é a família que gerencia a propriedade e a produção. É o próprio núcleo familiar que faz o planejamento e a condução da propriedade, e essa é uma das maiores características dessa atividade.
Não é exatamente uma regra, mas é comum que a agricultura familiar seja realizada em porções menores de terra – até porque a legislação brasileira define que a propriedade pra ser considerada de agricultura familiar não pode ser maior do que quatro módulos fiscais. Asim, ao invés de ocupar grandes latifúndios, tem dimensões menores — e uma capacidade produtiva compatível.
Geralmente, os agricultores familiares vivem e trabalham na mesma terra. Há uma relação de dependência muito forte quanto à propriedade e a produção agropecuária é a principal fonte de renda.
De acordo com o Censo Agropecuário 2017-2018, realizado pelo IBGE, a concentração desse tipo de produção no Brasil é maior nas regiões Norte, Nordeste e em determinados pontos da região Sul. Os estados de Pernambuco, Ceará e Acre possuem a maior concentração de agricultura familiar por área no País, enquanto os estados do Centro-Oeste e São Paulo, são as regiões que possuem menores níveis de concentração.
Tendo como característica marcante o abastecimento do mercado interno e a subsistência da própria família, alguns dos principais produtos produzidos pela agricultura familiar são o milho, a mandioca, pecuária leiteira, gado de corte, ovinos, caprinos, olerícolas, feijão, cana, arroz, suínos, aves, café, trigo, mamona, fruticulturas e hortaliças.
A importância da agricultura familiar para a produção de alimentos, criação de empregos e na economia brasileira faz com que o modelo deva continuar sendo incentivado por meio de crédito, assistência técnica e programas de aquisição de alimentos
Mesmo que seja diferente da atuação em larga escala, a agricultura familiar ainda pode obter desempenho melhor do que já vem tendo e conquistar mais competitividade. Tudo começa com um bom planejamento de safra e cultivo. A rotação de culturas costuma ser bastante presente e é bem-vinda para aproveitar os nutrientes e ajudar no controle de pragas e doenças.
Além disso, o uso dos insumos adequados é ideal para a conquista de melhores resultados. Fertilizantes orgânicos e organominerais ajudam a acelerar o crescimento, fornecem os componentes necessários e aumentam a produção. Defensivos também auxiliam, já que evitam as perdas causadas pelas pragas e doenças.
Vale a pena, inclusive, recorrer às linhas especiais de crédito para agricultores familiares. Isso permite adquirir novos equipamentos e aproveitar ao máximo o potencial da propriedade. A agricultura familiar é um dos maiores destaques na sociedade brasileira e é responsável por servir, à mesa, produtos variados. Com as escolhas corretas, ela pode se tornar ainda mais eficiente e produtiva.
Aliada importante da agricultura em grande escala, a tecnologia também pode, e deve, auxiliar o desenvolvimento da agricultura familiar. Há muito conhecimento acumulado em órgãos como a Embrapa a serviço do pequeno agricultor. E há também novas oportunidades relacionadas com as profissões do futuro, como o produtor urbano, uma aliança cada vez mais comum entre restaurantes e produtores, de modo a não haver intermediários entre a origem e o destino final do produto.
Responsável por 23% do total da receita agropecuária do Brasil, milhões de empregos, base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes e, tão ou mais importante, pela produção de uma parcela significativa dos alimentos que chegam à mesa da população, a agricultura familiar brasileira já é pujança consolidada – e pode ser ainda mais.
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