Postado em 08 de novembro 2023
Insumos e equipamentos fazem parte da rotina do trabalho no campo. Para ambos, é preciso escolher os produtos mais apropriados, de melhor qualidade e, muito importante, cuidar corretamente. No caso dos equipamentos, a boa limpeza, manutenção e uso adequado garantirão sua vida longa.
O mesmo ocorre com os pulverizadores, cuja regulagem e calibração adequada são de extrema importância para evitar perdas e prejuízos ambientais.
Quer entender mais sobre calibragem do pulverizador? Então acompanhe a leitura!
Regular o pulverizador significa conhecer e saber escolher o tamanho ideal das gotas, quais bicos utilizar para fazer o serviço, qual o volume ideal a ser aplicado e qual a faixa de aplicação.
Controlando essas variáveis e entendo a calibração dos equipamentos e o cálculo da vazão do bico pulverizador, você garantirá a sua melhor produtividade agrícola.
Por outro lado, o uso inadequado, com a calibração dos pulverizadores equivocada, pode causar a perda do produto e prejuízo financeiro. Além disso, dosagens erradas podem aumentar os problemas nas lavouras.
Se é verdade que o avanço tecnológico no setor de máquinas agrícolas tem proporcionado ganho de eficiência, segurança e capacidade operacional, também devemos reconhecer que tem se tornado cada vez mais complexo operar alguns equipamentos.
Assim, aprender a manusear, regular e calibrar determinados instrumentos se tornou uma necessidade real. No caso dos pulverizadores, o uso incorreto nas aplicações costuma ser causado pela manutenção errada ou a calibração incorreta.
Usar corretamente os equipamentos de pulverização é garantia de menor impacto ambiental. A correta calibração do equipamento garante aplicações bem feitas de defensivos e melhora a produtividade agrícola, evitando a contaminação do solo, da água, dos vegetais alvo da pulverização ou a deriva que afeta e prejudica plantas desnecessárias.
Se usar acertadamente os pulverizadores agrícolas é garantia de menor impacto ambiental, por óbvio, usar de modo errado é um grande problema. Os impactos de uma regulação deficiente do equipamento são sérios, tanto para o meio ambiente quando para a produção agrícola.
A regulagem inadequada do equipamento pode causar problemas graves, como a contaminação do solo e dos cultivos. Como sabemos, a combinação de danos ao meio ambiente e impacto negativo na produtividade agrícola é tudo o que não pode acontecer no campo.
O produtor precisa ter em mente que regular de modo correto os pulverizadores é uma tarefa essencial para pulverizações mais eficientes e mais econômicas.
Os custos econômicos de uma má calibração são altos. Por um lado, há a perda e o desperdício do produto, o que já é péssimo. E por outro, há os prejuízos na lavoura. Juntos, ambos podem causar sérios impactos financeiros negativos para o produtor rural.
A má calibração causa aumento no custo da pulverização, pois exige maior quantidade de produto aplicado ou a necessidade de reaplicação, somado ao custo de mão-de-obra e combustível.
O pior desse aspecto é os prejuízos serem totalmente evitáveis, bastando para isso conhecer e saber calibrar adequadamente os pulverizadores agrícolas.
A relação entre calibração e manejo de resistência é direta. A má calibração do pulverizador agrícola pode comprometer seriamente a eficácia de ferramentas de manejo de resistência de plantas daninhas.
O risco disso acontecer não é desprezível, com consequências danosas tantas para as culturas cultivadas quanto para o meio ambiente.
Importante destacar que a resistência, neste caso, é definida como a habilidade herdada de uma planta daninha em sobreviver e se reproduzir após a exposição a uma dose de defensivo agrícola normalmente letal (dose de bula) para a população natural.
Quando falamos em pulverização, é preciso saber que um pouco de matemática está presente no tema. O famoso “cálculo na ponta do lápis” se faz presente.
O volume de calda necessário está relacionado com a área que será abrangida. Trata-se de um cálculo por hectare. Assim, o volume de calda gasto será obtido multiplicando-se a vazão do pulverizador pelo tempo que se gasta para a pulverização.
Exemplo: se a vazão do pulverizador é de 15,38 litros/min e o tempo necessário para a pulverização é 9,52 min/ha, o cálculo do volume consumido por hectare é – 15,38x9,52 = 146,46 litros/ha.
Para calcular a quantidade para o preparo da calda, deve-se ficar atento as informações contidas nas embalagens dos defensivos agrícolas. A recomendação de dosagem costuma aparecer de dois modos: na forma de X a Y gramas de produto/ha ou X a Y mililitros/ha; ou no formato de X gramas de produto por 100 litros ou Y mililitros de produto por 100 litros, com a recomendação de um volume de calda mínimo para o controle eficiente de pragas e doenças.
A recomendação apresentada na forma de X gramas ou Y mililitros/100 litros é amplamente utilizada pelos agricultores devido à facilidade dos cálculos para preparo da calda. Porém, tal recomendação só deve ser utilizada quando se utiliza grandes volumes de calda, ou seja, mais de 500 litros por hectare, conforme à recomendação do fabricante do defensivo.
Veja um exemplo de como calcular a área tratada por minuto:
Largura da área tratada = 40 bicos x 0,6m de espaçamento entre bicos = 24 metros
Área tratada = velocidade x largura da área tratada
Área tratada = 200m/min x 24 metros = 4800 m/min
Em hectare = 4800/10000 = 0,48 ha/min
A fórmula da taxa de aplicação é: taxa de aplicação = vazão total/área tratada
Exemplo:
Taxa de aplicação = 32L/min/0,48ha/min = 67 L/ha
Quantidade de produto para o preparo da calda = capacidade do tanque x dosagem do produto/taxa de aplicação
Exemplo:
Se o tanque é de 2000 litros e dosagem do produto de 0,2 L/ha:
Quantidade = (2000×0,2) / 67 = 5,97 L de produto para o preparo da calda de um tanque cheio do pulverizador.
Primeiro, vamos conhecer os principais componentes básicos presentes na maioria dos pulverizadores disponíveis no mercado:
Antes de iniciar a pulverização alguns procedimentos básicos devem ser adotados. Para isso, listamos abaixo um checklist rápido e prático.
Vale destacar que alguns procedimentos devem ser realizados com cautela. A limpeza dos bicos, por exemplo, deve ser feita com escova de nylon (como escova de dentes) ou ar comprimido para evitar possíveis deformações no orifício. Não use arames, canivetes ou agulhas para desentupir as pontas.
Outro elemento de atenção é saber que pressões de trabalho abaixo do recomendado pelo fabricante dos bicos causa distribuição não uniforme. No sentido oposto, pressões mais altas podem causar sobreposições, maior desgaste nas pontas e maior risco de deriva.
As pontas e bicos de pulverização são um capítulo à parte e merecem destaque. Os bicos são responsáveis por definirem quatro fatores: a vazão; o espectro de gotas; a distribuição da aplicação; e o potencial de deriva.
Existem diversos tipos de bicos no mercado e cada um proporciona vazões diferentes, ângulos de pulverização, tamanho de gota e forma da distribuição. São constituintes de um bico de pulverização: o corpo; o filtro; a ponta e a capa.
A regularem dos bicos tem relação direta com os tipos de gotas da pulverização, classificadas conforme seus tamanhos. Devemos destacar que o tamanho da gota despejada deve ser compatível com o modo de aplicação, com as condições ambientais e com o produto utilizado. O tamanho de gota, por sua vez, varia de muito fina (very fine) a fina (fine), média (medium), grossa (coarse) e até muito grossa (very coarse).
O tipo de gota ideal depende do objetivo de cada aplicação. Para melhorar a cobertura dos alvos, prefira gotas menores (muito finas, finas ou médias) ou maior volume de calda.
Para menor volume e manter a cobertura, opte por gotas mais finas. Já para maior volume e manter a cobertura, escolha gotas maiores. Por fim, para pragas e doenças de baixeiro, prefira gotas menores e maior volume da calda.
Com tantos detalhes a serem efetuados na regulagem e calibração de pulverizadores agrícolas, é comum o usuário cometer alguns erros. Confira abaixo os erros mais comuns e saiba como corrigi-los.
É vital escolher os produtos certos para o tipo de praga, doença ou fungo que esteja afetando sua lavoura. Ao escolher, confira também se o produto tem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A configuração errada do equipamento fará com que a pulverização seja desigual e falha na distribuição da quantidade adequada do produto. Por isso, verifique sempre a pressão dos bicos, o volume de calda a ser aplicado, o número e tamanho das gotas, a dosagem, a diluição, a agitação e a necessidade de adição de adjuvantes.
Manter os tanques dos pulverizadores sempre limpos é fundamental. Tal cuidado garante com que nenhum dos insumos utilizados com outros objetivos contamine e prejudique os produtos aplicados na lavoura. Também é importante, a cada três meses, conferir a necessidade de troca de filtros, componentes internos (borrachas), conectores, bicos e adaptadores caso estejam desgastados.
Cada componente do pulverizador sofre desgaste natural conforme seu uso e isso é absolutamente normal. Esses desgastes implicam na perda da calibração, em vazamentos, diminuição da pressão e velocidade. Por isso, e por tudo que já vimos neste texto, a correta calibração ajuda a evitar danos maiores e podem ser feitos ainda na manutenção. Importante também seguir com atenção as especificações disponíveis nos rótulos e manuais de cada produto.
Muitos dos problemas de deriva acontecem devido ao erro de aplicar defensivos agrícolas em momentos inapropriados do clima, como contra o vento ou com vento lateral forte. O resultado pode ser atingir e contaminar cursos d’água e lavouras vizinhas.
Com ou sem vento, também não se deve fazer a pulverização em dias de chuva. A eficácia do trabalho pode ser reduzida ou até nula. Além disso, as altas temperaturas também refletem nas plantas e vegetais, portanto, confira a previsão do tempo e planeje o melhor momento para a pulverização.
Outro erro comum é não dar a devida atenção aos rodados do trator. A peça permite a autopropulsão, o direcionamento e a transformação da potência do motor em potência útil na barra, e está diretamente ligado aos pneus. Preste atenção no aperto das porcas de fixação e confira se há algum tipo de distorção ou amassado.
Não utilize óleo de baixa qualidade ou sem a especificação adequada. Isso pode afetar o desempenho da sua pulverização agrícola. As trocas de óleo com intervalo de tempo muito longo também podem causar defeitos no equipamento, refletindo na produção e em perdas econômicas para a lavoura.
Se as normas existem, elas devem ser seguidas. Não é bobagem. O Programa de Controle de Emissão Veiculares (Proconve) tem requisitos básicos que exigem a manutenção periódica de equipamentos e veículos agrícolas. Essas regras impactam diretamente na melhoria dos maquinários, colaborando com motores mais limpos, com gás de escape e que retorna à câmara de combustão do motor.
É preciso sempre estar atento para reduzir o desperdício durante a pulverização. Para alcançar tal objetivo, há algumas técnicas que o produtor – ou o profissional que realiza o serviço – deve conhecer.
Confira o que fazer para a melhor execução do trabalho e uma pulverização mais eficiente:
Cada pulverizador tem suas características, por isso é preciso escolher o modelo ideal para a sua lavoura. Considere alguns fatores para decidir qual pulverizador usar:
Já falamos bastante sobre a importância da manutenção dos pulverizadores para garantir seu bom funcionamento e vida útil longa. Confira com frequência o estado das mangueiras, bicos, filtros e outras peças. Faça a limpeza do tanque e dos componentes após o uso.
Como também vimos, a calibragem do pulverizador é o processo de ajuste da vazão e da pressão da pulverização, de acordo com a cultura e o produto a ser aplicado. É um processo vital para evitar desperdício e garantir a eficiência do uso.
A dosagem correta do produto é fundamental para assegurar sua eficiência e evitar prejuízos. Utilize a dosagem recomendada pelo fabricante e calcule-a de acordo com as especificidades da sua área e do seu pulverizador.
A escolha do bico apropriado para cada tipo de aplicação é fundamental para evitar desperdícios e perdas de produto. Leve em conta o tipo de defensivo agrícola, a cultura, as condições climáticas e a velocidade do vento para escolher o bico ideal.
A capacitação e o treinamento de quem utiliza o pulverizador é um elemento muito importante para que todo o processo seja feito corretamente e alcance os melhores resultados.
Regular devidamente o pulverizador usado para alavancar a produtividade agrícola é uma medida essencial tanto para reduzir o impacto ambiental quanto para a eficiência da pulverização, sem desperdício e prejuízo nos custos.
Para que tal objetivo seja alcançado, é preciso conhecer bem as técnicas aqui expostas e ter a consciência de que é esse conhecimento que fará a diferença na produção da sua lavoura.