Postado em 01 de março 2023
Podar qualquer tipo de árvore é sempre importante e, quanto a isso, não há nenhuma novidade. Para o produtor rural, porém, podar árvores frutíferas é ainda mais vital. E saber qual a melhor época para podar as árvores frutíferas passa a ser um conhecimento fundamental para garantir frutas de qualidade no pomar.
Afinal, a poda tem a capacidade de melhorar o desempenho da planta, potencializar o início da formação e a qualidade do fruto (incluindo tamanho, peso, cor, sabor e aparência), aumentar o acúmulo de nutrientes do pomar, além de contribuir para a limpeza do próprio pomar. Outro benefício é melhorar a ventilação interna na copa e assim diminuir a incidência de pragas e doenças.
Por isso, saber a melhor época e quando podar árvores frutíferas é uma informação importante para que o produtor possa planejar o trabalho a ser feito durante o ciclo produtivo das frutíferas.
Neste sentido, deve-se levar em conta a interferência dos fatores climáticos no cuidado das árvores, um elemento crucial e que se relaciona com o trabalho nos novos pomares e com a maximização do rendimento dos pomares adultos.
Já vimos que o manejo de poda aumenta a produtividade e propicia a obtenção de frutas de maior qualidade, ao mesmo tempo em que maximiza o uso de mão de obra e diminui custos associados à atividade de poda.
Basicamente, o produtor deve compreender que há quatro tipos principais de poda: a poda de formação, poda de limpeza, poda verde e a poda de frutificação. Destas, as três primeiras são indicadas para todas as árvores frutíferas, enquanto a poda de frutificação se refere a determinadas espécies – como o pessegueiro, figueira, kiwi e videira.
Alguns materiais são imprescindíveis para realizar o trabalho. Entre eles, o serrote, a tesoura de poda pequena (tesoura de uma mão) e o "tesourão" para cortar galhos mais grossos (tesoura de duas mãos). Obviamente, todas as ferramentas devem ser bem afiadas para facilitar o serviço.
Vale destacar o cuidado que deve haver com os galhos podados, que precisam ser retirados do pomar e queimados para evitar o surgimento de doenças ou pragas. Outro aspecto importante para evitar que ocorram problemas futuros de perdas na qualidade da poda, é cortar corretamente os galhos produtivos. Em todo pomar há os galhos principais, que sustentam a copa da árvore e os galhos produtivos de menor diâmetro – estes fundamentais para o sucesso da produtividade.
Como já dissemos, os fatores climáticos são determinantes na produtividade das árvores frutíferas. Por isso, a melhor época para efetuar o trabalho varia conforme a região do Brasil. No Sul e Sudeste, por exemplo, o período ideal é o outono e inverno. Já nos polos de exportação do Nordeste, as podas acontecem durante todo o ano.
Independente da região, o planejamento prévio é importante para evitar imprevistos e garantir a qualidade do fruto.
Nas regiões em que a melhor época da poda de árvores frutíferas é no inverno, o sucesso da produção está diretamente relacionado a eventos climáticos críticos que ocorrem neste período, como o frio, as chuvas, geadas e outras intempéries típicas da estação.
Para facilitar a vida do produtor, há um calendário dos melhores meses para realizar as podas e que deve ser usado como uma espécie de guia para orientar o serviço.
Em termos gerais, o mês de setembro é bom para fazer uma limpeza e a poda superficial das árvores frutíferas.
Confira dicas básicas do calendário de podas:
É importante enfatizar que existem quatro tipos principais de poda: a poda de formação; poda de limpeza; poda verde e a poda de frutificação. Cada uma com finalidades e objetivos diferentes.
Portanto, além da atenção com o mês de poda das árvores frutíferas, também é preciso entender qual o objetivo de cada tipo de poda. Diante das diferenças, é comum alguns produtores se perguntarem como podar goiaba ou como é a poda de acerola, a poda de macieira ou a poda do pessegueiro, por exemplo.
Para facilitar sua vida, explicamos abaixo o objetivo de cada tipo de poda, quando realizá-la (considerando a idade ou estado da árvore) e seus benefícios.
A poda de formação é realizada quando a muda está crescendo, ganhando corpo. Sua função é orientar o crescimento da árvore e fazer com que, desde cedo, seus ramos sejam bem distribuídos. A boa distribuição dos ramos fará com que a planta, no futuro, receba toda a luz e ventilação necessária para seu pleno desenvolvimento.
É comum as mudas compradas em viveiros já serem bem-formadas, com três ou quatro ramos saindo de posições diferentes do tronco, criando a chamada copa ou copada.
A poda de limpeza é indicada para todas as árvores frutíferas e deve ser feita ao longo de toda a vida da planta. Seu objetivo é revigorar a árvore antes de cada nova safra.
É a poda na qual retiramos material vegetativo seco ou doente presente na copa da árvore, sendo a maior parte galhos com baixa produtividade, em que o rendimento esperado não atinge a produção de frutas de qualidade conforme o planejado.
Dessa forma, o objetivo da poda de limpeza é melhorar o crescimento da copa, evitar a proliferação de doenças e incidência de pragas e dar abertura a espaços internos de luz, com o intuito de melhorar a coloração das frutas que crescem na área interna da copa.
Quando a árvore é recém plantada, é bom eliminar os brotos que nascem logo abaixo da copa e do ponto de enxertia. Tais brotos são como "ladrões" e se alimentam da seiva da planta, o que resultará no enfraquecimento dela. Quando a planta for mais velha, a partir de três anos do plantio, também devemos eliminar os galhos secos, mal-formados ou doentes.
A poda verde é importante de ser feita a partir do terceiro ano de vida da árvore, quando a planta já está bem viçosa e no esplendor do crescimento.
A poda verde é como um raleio de folhas para retirar o excesso de ramos ou ramos mal inseridos e doentes, assim como as brotações com poucos ou nenhum fruto. No caso de a folhagem ser muito densa, com potencial de dificultar a ventilação e a penetração de luz na árvore, a safra será prejudicada se a poda não for feita.
Outro objetivo da poda verde é o incremento da qualidade da produção e o consequente aumento da rentabilidade do pomar.
A poda de frutificação deve ser realizada nas árvores frutíferas de clima temperado, como a figueira, videira, kiwi e pessegueiro. O trabalho é feito quando as plantas ainda estão em repouso, com o objetivo de eliminar os ramos antigos que frutificaram no ano anterior. Isso permitirá com que os novos ramos carreguem a safra com mais força e vigor.
Confira algumas características de poda de frutificação de determinadas plantas!
Pessegueiro: Tem como característica somente frutificar nos ramos novos, formados na última estação de crescimento ou nas pontas de ramos que já frutificaram. A poda de frutificação é feita quando a planta está em repouso vegetativo, eliminando os ramos que já produziram, os ramos vegetativos (que não irão produzir) e desbastando o excesso de ramos floríferos. Uma boa estratégia é eliminar no inverno os ramos que já produziram e floresceram, podando-os bem rente ao tronco. Esse mesmo sistema se aplica às nectarineiras.
Figueira: É uma árvore muito sensível a doenças como a ferrugem das folhas e a broca da figueira. Por tal característica, e considerando que o figo só frutifica em ramos novos, deve-se fazer uma poda drástica depois da colheita de cada safra. Assim, entre julho e agosto todos os ramos velhos devem ser podados até o tronco, deixando somente duas ou no máximo três gemas de onde brotarão os ramos novos.
Kiwi: Por ter como característica uma vegetação densa e vigorosa, a poda de frutificação do kiwi deve ser feita no inverno, com a eliminação dos brotos ladrões e a limitação dos braços frutíferos. É recomendado manter em cada braço de seis a oito borbulhas e fazer um desbaste no período vegetativo para reduzir um pouco a folhagem. E cuide para que os ramos não cheguem muito próximos do chão.
Videira: As videiras precisam obrigatoriamente de dois tipos de poda, a poda de inverno e a poda verde. A poda de inverno é feita durante o período vegetativo da árvore, mas é preciso ter um olho bem treinado para decidir o momento mais adequado. Esse momento é quando as gemas dos ramos que serão podados estão inchadas ou quando, por meio do corte da ponta do ramo, a videira começa a “chorar”.
Vale adotar como prática podar as videiras durante a fase da lua minguante de agosto, período em que a seiva da planta se concentra nas raízes, o que evita o risco da planta “chorar” demais e se enfraquecer.
Um pomar com frutas de qualidade é o desejo de todo produtor rural. Por isso, para alcançar tal objetivo, é fundamental ter o conhecimento necessário para o correto manejo e desenvolvimento das árvores frutíferas. E neste processo, conhecer e entender os diferentes tipos de poda e épocas mais indicadas é um fator determinante para o sucesso de cada nova safra.